poema atávico
e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas
nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra
tem seus olhos no brilho da escultura
confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem a cor da tua pele
a carne sob os lençóis onde meus dedos
ainda não nasceram
Deus anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos
comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido
Gigi
Mocidade
https://arturgumes.blogspot.com/
Poética
para
Rachell Rosa
Clarice mora no silêncio
vive em entre/linhas
fala monossílabas
quando toca as entre/minhas
come
as Juras Secretas
como fossem chocolates
morde o líquido das delícias
ao entrar em sintonia
em cada letra que namora
Clarice
a mulher que come livros
Isadora a que devora
Federika Lispector
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
https://coletivomacunaimadecultura.blogs
o outubro
me deixou no tudo nada
a luz branca sem sono
em nossos corpos de abandono
ela
arquitetava uma nesga
entre as frestas da janela
luz do luar nos olhos dela
girassóis em desmantelos
por entre poros entre pelos
minhas unhas tuas costas
Amsterdã nos teus cabelos
o
que Van Gog me trazia
era branca noite de outono
que amanheceu sem ver o dia
nossos corpos estavam tomados
por vinho tinto e poesia
Artur Gomes
O
Poeta Enquanto Coisa
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