sexta-feira, 30 de agosto de 2024

poema atávico


poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

 

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra 
tem seus olhos no brilho da escultura

 

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem

a cor da tua pele
a carne sob os lençóis

 onde meus dedos
ainda não nasceram

 

algum deus

anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos

comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas 
e a pele dos meus olhos anda perdida
                                    em teu vestido

 

Artur Gomes

Do livro O Poeta Enquanto Coisa

EditoraPenalux - 2020 

leia mais no blog

https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/


Afrodite

 

para a  nova Pimenta do Reino

 eu falo eu fauno eu fumo

na espuma dos mares
de Zeus ou Vulcano

nos cornos do americano

 na pele clara da gema

nas brumas de Ipanema

ou nas Dunas do Barato

na era Atenas me disse

 pra Hera nunca dissemos

em grego a deusa do amor
em romano  mamilo de Vênus

também a irmã de Helena

 que a um outro rei Prometeu provocando a ira em Menelau
quando soube que Páris sou Eu

Dioniso das festas de Baco

 do vinho dos ritos das juras

Afrodite em mim criatura

Bacante que o cosmo me deu

a puta  da ilha de Creta

mulher quando o vinho é na cama

 a que sabe beber do que ama

sem pensar no que  Cronos secreta

 

Artur Gomes

Do livro O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Artur Gomes - O Poeta Enquanto Coisa

Fé no Evoé : Confissões dionisíacas na poética e política de Artur Gomes   Igor Fagundes *   Depois das excitadas e excitantes Juras s...