usina
usina:
usina são uns olhos
despertos antes do sol
a boca mal lavada
num gole de café
e um esfregar de mãos
para aquecer o dia
usina e uma longa
e curta
caminhada
inventada em carrocerias
carroças e bicicletas
ou um usar de pés
pra se fazer o dia
usina é um balé
de lenços de cabeça
camisa de xadrez
foice e facão
entre um gole e outro
de café
usina é um apito
de sol à pino
(feito de marmitas)
quando os olhos nada dizem
e as bocas são limpas
por mãos em conchas
usina é um gosto
(doce-amargo)
de uns caldos
escorrendo
ora nas moendas
ora nos moídos
é um fazer-de-conta
pós-apito
na birosca ao lado
com uns parceiros
um remedar de vida
depois
um mal dormir
de pais e filhos
(de fome de frio de medo)
para antes do sol
se tenha despertado
usina é usura
são olhos
que se estendem
quando em vez
a casa grande
são umas vidas
escapando
pela chaminé
Antônio Roberto de Góis Cavalcanti(Kapi) – in Ato 5 – 1979
ENGENHO
minha terra
é
de senzalas tantas
enterra em ti
milhões de outras esperanças
soterra em teus grilhões
a voz que tenta – avança
plantada em ti
como canavial
que a foice corta
mas cravão em ti
me ponho à luta
mesmo sabendo – o vão
- estreito em cada porta
Obs. Este poema está publicado na Antologia CARNE VIVA poesia erótica org. Olga Savary – 1984 -
usina
mói a cana
o caldo e o bagaço
usina
mói o braço
a carne o osso
usina
mói o sangue
a fruta
e o caroço
tritura suga torce
dos pés até o pescoço
e do alto da casa grande
os donos do engenho controlam
o saldo & o lucro
Artur Gomes
Leia mais no blog
https://arturgomesgumes.blogspot.com/
ANJOS
TARDIOS
Na palma da mão
a linha da vida
descostura a alma
em descompasso,
alinhava as asas
em pleno voo.
É preciso muita calma
na rota de colisão
entre a partida
e a chegada,
se, ao final,
o destino
nos trouxer
outra surpresa,
virando a mesa
para além das margens.
Na palma da mão,
na linha da vida,
remendos costumeiros
seguram nossas asas
bem comportadas.
Seremos
todos nós
- sem exceção -
humanos desafios
ou anjos tardios?
(Nic
Cardeal, 20/09/2016 - poema integrante do livro 'Sede de céu', editora
Penalux, 2019, p. 153 -
CarNAvalha
roberta gora só se for cainelli
bruna só se for poletto
vestido pode ser a própria pele
que cobre a nudez do esqueleto
camila agora só se for pitanga
carnaval tem que ser sem tanga
se tiver tempo a gente transa no coreto
juliana só se for stefani
paola só se oliveira
damares zeus me livre credo
ela trepa com jesus na goiabeira
Federico
Baudelaire
https://arturkabrunco.blogspot.com/
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