SULCOS E NUVENS
Alguns livros passam pela gente sem
provocar um arranhão que seja. Muitas vezes até são bons livros, leitura
prazerosa e tal. Mas depois de lidos, decorrido um tempo, mal conseguimos
lembrar da história; dos personagens nada retemos; nenhuma cena cristalizou em
nossa mente. Em contrapartida, há livros que provocam muitos arranhões na
memória. Aí basta encostar a ponta da atenção nesses sulcos para que a história
volte a tocar em nós, reproduzindo cenas e personagens. É uma alegoria
antiquada, bem sei, essa, do vinil com a agulha. Afinal, na era digital, as
informações, incluindo as musicais, estão nas nuvens. E quando não, no lugar da
agulha, um leitor magnético faz a captação. Nisso também me identifico: um
leitor magnético. Ou melhor, magnetizado por literatura.
[Wilson gORj]
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