domingo, 7 de abril de 2024

Múltiplas Poéticas - Poesia Em Movimento

A VESTIMENTA

 

Os olhos da poesia

lágrimas de cristal e nuvem

espelho mágico

rio paralelo.

 

Da festa ao funeral

açúcar/sal

deleite/delito

sim e não

alegria aflição

redondo/quadrado

ungido/ceifado.

 

Na correria

no rastejamento

na queda

na dança

na exaltação

na decadência

na dignidade

na vileza

na edificação

no desmoronamento.

 

Essa mania que a poesia tem

de vestir beleza em tudo.

 

Marcelo Mário de Melo



 “Da história em quadrinhos ao experimentalismo da linguagem na década de 1970, um sonhador, Gutemberg Cruz é uma referência no jornalismo cultural da Bahia. “Na Era dos Quadrinhos” editado pelo jornalista foi um marco da imprensa alternativa. Sem vaidade, na sua humildade franciscana, mas atento às manifestações contemporâneas, acima de tudo dedicado a profissão, sua paixão primeira sempre foi a história em quadrinhos, divulgador, crítico, editor, incentivador. Tinha uma virtude, buscava a novidade, abrir espaço e transgredir numa Bahia ainda provinciana. Inquietação que levou Gutemberg a se aproximar de um pioneiro da crítica das histórias em quadrinho no Brasil e um dos criadores do emblemático poema/processo,

Moacy Cirne.

“Quando esteve à frente do “caderno de cultura” do jornal Correio da Bahia, teve uma atuação decisiva e democrática na divulgação e na crítica das artes na Bahia, contribuindo para o fortalecimento do circuito cultural e a credibilidade do jornalismo baiano. Confesso que tive o privilégio, naquele momento difícil para a arte contemporânea no circuito cultural de Salvador, contar com o apoio do jornalista e editor para divulgar meus trabalhos e manifestar as minhas ideias. Muitíssimo obrigado Gutemberg”.

(Almandrade, artista plástico, poeta e arquiteto) 




Afrodite

 

para a  nova Pimenta do Reino

eu falo eu fauno eu fumo
na espuma dos mares
de Zeus ou Vulcano

nos cornos do americano
na pele clara da gema
nas brumas de Ipanema

ou nas Dunas do Barato

na era Atenas me disse
pra Hera nunca dissemos
em grego a deusa do amor
em romano  mamilo de Vênus
também a irmã de Helena
que a um outro rei Prometeu
provocando a ira em Menelau
quando soube que Páris sou Eu

Dioniso das festas de Baco
do vinho dos ritos das juras
Afrodite em mim criatura
Bacante que o cosmo me deu

a puta  da ilha de Creta
mulher quando o vinho é na cama
a que sabe beber do que ama
sem pensar no que  Cronos secreta

 

Artur Gomes

Do livro O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

Lei  mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/



Pedra azul, ilumine Roseana!!! ❤

"PEDRA AZUL

Nos dias em que acordamos
do lado do avesso
e tudo parece que vira
abismo,
basta comprar
no Armarinho Mágico
a pedra azul de mudar
pensamentos.
Segure a pedra com força
e feito um moinho
moendo palavras,
tristeza vira alegria
e dor e poesia."

(* Roseana Murray, poema do livro "Armarinho mágico")


DEGUSTAÇÃO

A lápis e faca
eu afiei minha língua
para saborear silêncios.
Assim
- quase muda -
brindaram-me com poesia
de sobremesa.

(Nic Cardeal, 02.04.2018 - poema do livro 'Sede de céu', Penalux/2019, p. 110)


Lentamente caminho
neste tempo de crisálida
cuidar-me
recolher-me
junto aos meus

aguardar
o tempo de cura
do fio que costura
a vida
ser absorvido
pelo templo corpo

renovar a casca
e então
borboletar.

 

Flávia Gomes 


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