O POEMA DAS ANGÚSTIAS
Tudo é possível quando os sentidos
são tão finos
que se pode desenhar com um espinho
o poema das angústias
até que se diga
: haja luz!
e a luz se faça tão límpida e clara
que nada reste de maldito ou inútil
dos humanos sobre a Terra
e sejamos outros, diversos,
refeitos não da lama
mas do lótus
em nossas mãos nunca mais as armas
em nossos corpos unicamente as almas
[moradoras provisórias de uma casa
sem demora]
Tudo será etéreo quando - por fim -
os véus se desfizerem?
Outra vez a Voz será ouvida?
no silêncio da palavra muda
mundana
sobraremos assim vazios
dissolvidos entre os contornos
contínuos do tempo?
E o poema das angústias... restará
desfeito
pelo mesmo espinho que sangrou teu
peito?
[o que será da alma depois que do
corpo - da casa sem demora - não sobre nem mais a sombra?]
Nic Cardeal
28.04.2022
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