RONALDO
WERNECK
NA FACHA: MESA-REDONDA
Comunicação, Moda e Política foram os temas da mesa-redonda
realizada no último dia 20 de maio na Facha-Faculdades Integradas Hélio Alonso.
Mediada pelo poeta e jornalista Sady
Bianchin, a mesa contou com minha presença e nomes como os da jornalista e
comentarista política Hildegard Angel
(comigo na foto), Na minha fala, comentei sobre minhas duas prisões durante a
ditadura e li um de meus poemas de caráter social, ditos “participantes” da
época. Como escreveu o poeta Cassiano Ricardo: “Basta estar vivo/ para ser
subversivo/ isto é: subservivo”. Falo também sobre jornalismo e moda que – com
a devida licença da Hilde e de sua mãe, a saudosa Zuzu Angel – é uma de “minhas especialidades”, como todos sabem.
Estão aí meus suspensórios. Ou não?
SÍLVIO
SILVA SELVA
(leia-se Ronaldo Werneck)_
eu sílvio silva
poeta meridional
entropicanalhado
na farsa de latinoamerica
entre o verde amazônico
e a branca solidão dos andes
entre as imensas geladas
cajes de buenos aires
e as vielas imundas
fechadas & flechadas
desta cidade são sebastião
do rio de janeiro
eu sílvio silva
minha voz
minha vez
me ofereço
eu sílvio silva
operário da palavra
me ofereço
me preparo
pouco o tempo
duro o fardo
balas bailam tontas
zunem zonzas
a
metralha ruge
a
mortalha rouge
novo leão de latinoamerica
esperança e tragédia
o ar sufoca
as florestas pânicas
de latinoamerica
duro fardo
o ar que respiramos
eu sílvio silva
como você
cidadão
tributável
cotidiano
eu como você
eleitor
reservista
como você o cor
ação pulsando
como você
retinas cansadas
fome suor a vida
exalando pelas narinas
eu sílvio silva
ofereço meu verbo
de sonho e sacrifício
eu como você
me preparo
pouco o tempo
duro o fardo
eu sílvio silva
debruçado sobre o mar
de copacabana
eu sílvio silva
da selva de copa
cabana da selva
selva bala
copa caba
eu sílvio silva
cabala
me ofereço
me preparo
eu sílvio silva
de copacabana
para latinoamérica
pouco o tempo
duro o fardo
eu sílvio silva
poeta de copacabana
preparo minha palavras
como se prepara
uma bandeira
pouco o tempo
duro o fardo
eu sílvio silva
poeta de copacabana
afio meu verbo
como se afia
e se lança
contra o desafio
eu sílvio silva
uma espada
de copacabana
no coração
de quem nos engana
pouco o tempo
duro o fardo
Ronaldo
Werneck
in Selva Selvaggia, 1976
Nenhum comentário:
Postar um comentário