quarta-feira, 29 de maio de 2024

RONALDO WERNWCK - NA FACHA: MESA REDONDA

RONALDO WERNECK

 NA FACHA: MESA-REDONDA

Comunicação, Moda e Política foram os temas da mesa-redonda realizada no último dia 20 de maio na Facha-Faculdades Integradas Hélio Alonso. Mediada pelo poeta e jornalista Sady Bianchin, a mesa contou com minha presença e nomes como os da jornalista e comentarista política Hildegard Angel (comigo na foto), Na minha fala, comentei sobre minhas duas prisões durante a ditadura e li um de meus poemas de caráter social, ditos “participantes” da época. Como escreveu o poeta Cassiano Ricardo: “Basta estar vivo/ para ser subversivo/ isto é: subservivo”. Falo também sobre jornalismo e moda que – com a devida licença da Hilde e de sua mãe, a saudosa Zuzu Angel – é uma de “minhas especialidades”, como todos sabem. Estão aí meus suspensórios. Ou não?

https://youtu.be/ONRfJuugJgU

 

SÍLVIO SILVA SELVA

(leia-se Ronaldo Werneck)_

 

eu sílvio silva

poeta meridional

entropicanalhado

na farsa de latinoamerica

 

entre o verde amazônico

e a branca solidão dos andes

entre as imensas geladas

cajes de buenos aires

e as vielas imundas

fechadas & flechadas

desta cidade são sebastião

 

do rio de janeiro

eu sílvio silva

minha voz

minha vez

me ofereço

 

eu sílvio silva

operário da palavra

me ofereço

me preparo

pouco o tempo

duro o fardo

 

balas bailam tontas

zunem zonzas

                  a metralha ruge

                  a mortalha rouge

novo leão de latinoamerica

 

esperança e tragédia

o ar sufoca

as florestas pânicas

de latinoamerica

 

duro fardo

o ar que respiramos

 

eu sílvio silva

como você

cidadão

tributável

cotidiano

 

eu como você

eleitor

reservista

como você o cor

ação pulsando

 

como você

retinas cansadas

fome suor a vida

exalando pelas narinas

 

eu sílvio silva

ofereço meu verbo

de sonho e sacrifício

 

eu como você

me preparo

pouco o tempo

duro o fardo

 

eu sílvio silva

debruçado sobre o mar

de copacabana

 

eu sílvio silva

da selva de copa

cabana da selva

selva bala

copa caba

 

eu sílvio silva

cabala

me ofereço

me preparo

 

eu sílvio silva

de copacabana

para latinoamérica

 

pouco o tempo

duro o fardo

 

eu sílvio silva

poeta de copacabana

preparo minha palavras

como se prepara

uma bandeira

 

pouco o tempo

duro o fardo

 

eu sílvio silva

poeta de copacabana

afio meu verbo

como se afia

e se lança

contra o desafio

 

eu sílvio silva

 

uma espada

de copacabana

no coração

de quem nos engana

 

pouco o tempo

duro o fardo

 

Ronaldo Werneck

in Selva Selvaggia, 1976


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