voragem
não sou casta
e sei o quanto custa
me jogar as quantas
quando vejo tantas
que não tem coragem
presa a covardia
eu sou voragem
dentro da noite veloz
na vertigem do dia
Federika Lispector
múltiplas poéticas poesia em movimento palavras e mais palavras ao sabor do vento
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
voragem
domingo, 12 de fevereiro de 2023
múltiplas poéticas
as vezes distância dói
no centro
as vezes o buraco é fundo
não sei entender direito
como se mede um mundo
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
espelho
flechas que sangraram Oxóssi
em meu peito quebro
espelho do outro lado
da rua mato a fera
Ogum me deu a lança
tua fúria não me alcança
não ando só Yansã
me leva em sua ventania
trovão estampido coice elétrico
tenho o reflexo do fluxo
do sangue que me embala
bala na veia tiro de letra
não tenho trava não tenho treta
branca ou preta eu traço o tempo
ao sabor do vento que vem
ao sabor do vento que vai
onda do mar eu tenho o sal
e quero sol a solidão não pega
de surpresa nunca fui presa
fácil pra tua armadilha
eu tenho a trilha que os teus pés
jamais irão pisar.
Federika Lispector
imoral brasilidade
não tenho
certeza que isto é um país. ando por Recife entre pedras como quem vomita um
planalto dentro do palácio. grafito a porra no muro. tenho vontade de explodir
este barril de pólvora. esta é a palavra que não basta. eu trovoada relâmpago
ventania temporal elevada a múltipla potencialidade da miséria quântica dessa
imoral brasilidade.
Federika Lispector
imagem: José César Castro
não me toque
o dia que eu estiver vestida
não me toquedeixe que eu troque
o sentido para o truque
na armadura de Ogum
a trama pro desejo
que não dou a qualquer um
sábado, 11 de fevereiro de 2023
desassossego
desassossego
o meu amor não tem sossego
morde lambe chupa come
teu corpo que ainda não conheço
tua carne - nem se quer tem endereço
o meu amor não tem apego
agarra larga prende solta
atira ampara - é cachoeira
escorre como trovoada
iansã em tempestade
o meu amor é livre e limpo
quando a alma está lavada
Federika Lispector
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023
múltiplas poéticas
desejo sexo
amor paixão
fantasia
aos olhos de
Wermmer
tudo é possível crer
até em quem não cria
Federika Lispector
imagem: Jose Cesar Castro
diante do Espelho fico zen
chamo zeca baleiro de meu bem
canto a mama canto o papa
canto o negão do rappa
canto até quem não conheço
e não preciso de endereço
pra mandar cartão postal
canto a mina da esquina
que se chama Lys Cabral
Federika Lispector
translúcida
nesta noite quieta
entre lençóis e travesseiros
eu aqui inquieta no meu canto
ouço Bob Dylan
bebendo esse conhac
com tua língua
em minha boca
as noites lá do sul
trago de volta entre os vinhedos
e tua pele entre meus dedos
o poema escrito em guardanapo
até hoje está guardado
na moldura o teu retrato
Federika Lispector
www.fulinaimargem.blogspot.com
translúcida
levanta
natureza morta
você não é
cubism0 de Picasso
nem surrealismo
de Salvador Dali
longe os
cabelos de aço de Frida
calo
muitas vezes
vejo muitas coisas
ao mesmo tempo
na fotografia
dou um corte no
pensamento
para que o
vento me traga
o norte
levanta pássaro
sem sorte
o passo em
falso
o cadafalso
predestinada sina em sua morte
Federika Lispector
https://fulinaimargem.blogspot.com/
Bolero Blue
beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023
psic/analítica
psic/analítica
não durmo. Sonho
Dédala passeia em minha cama
sob os meus lençóis de lã
toda palavra sã me despe
desejo pelos poros pelos
nossos corpos separados
apenas pela penugem do tecido
quase dentro como Joice
me trazendo Dedalus
para o travesseiro
eu te desejo
como tudo que seja carne
nervos músculos ossos
ela foge quando toco
fogo paixão fome
sede tesão sexo
acho até complexo
ela gostar de conversar
mas não sentir
ou não querer
ficar olhando da janela
do seu olho gótico
como quem analisa
mas não pode se envolver
Federika Lispector
domingo, 5 de fevereiro de 2023
no coração dos boatos
poema atávico
e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas
nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra
tem seus olhos no brilho da escultura
confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem a cor da tua pele
a carne sob os lençóis onde meus dedos
ainda não nasceram
Deus anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos
comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido
Gigi
Mocidade
https://arturgumes.blogspot.com/
Poética
para
Rachell Rosa
Clarice mora no silêncio
vive em entre/linhas
fala monossílabas
quando toca as entre/minhas
come
as Juras Secretas
como fossem chocolates
morde o líquido das delícias
ao entrar em sintonia
em cada letra que namora
Clarice
a mulher que come livros
Isadora a que devora
Federika Lispector
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
https://coletivomacunaimadecultura.blogs
o outubro
me deixou no tudo nada
a luz branca sem sono
em nossos corpos de abandono
ela
arquitetava uma nesga
entre as frestas da janela
luz do luar nos olhos dela
girassóis em desmantelos
por entre poros entre pelos
minhas unhas tuas costas
Amsterdã nos teus cabelos
o
que Van Gog me trazia
era branca noite de outono
que amanheceu sem ver o dia
nossos corpos estavam tomados
por vinho tinto e poesia
Artur Gomes
O
Poeta Enquanto Coisa
Balbúrdia PoÉTICA 6
Balbúrdia PoÉtica 5 Dia 5 – Abril – 2025 – 16h música teatro poesia textos/poesias de: Ademir Assunção, Artur Gomes, Clarice Lispector, Ferr...

-
a pá/lavra arma poesia leia mais no blog https://arturgomesgumes.blogspot.com/ ofício ponho minha gema em tua blusa para que pu...
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS ESCOLA DE COMUNICAÇÃO VIDEOPOESIA NA ERA DO LIKE : MÍDIAS S...
-
“jurei mentiras e sigo sozinho assumo os pecados Os ventos do norte Não movem moinhos E o que me resta É só um gemido Minha vida, meus morto...