segunda-feira, 29 de abril de 2024

fulinaíma sax blues poesia


herói nacional

 

meu coração marçal tupã

sangra tupi e rock and roll

meu sangue tupiniquim

em corpo tupinambá

samba jongo maculelê

maracatu boi-bumbá

a veia de curumim

é coca cola e guaraná

 

Artur Gomes

do livro Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

Gravada pelo autor no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia - 2002

Pátria Ar(r)mada - 2022

Leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/



ou a gente se raoni

ou se torna SerAfim

se a gente se sting

mallarmè sobra pra mim

 

Rúbia Querubim  

Leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


profissão

meu ofício

é de poeta

pra rimar

poema e blusa

e ficar em tua pele

pelo tempo em que me usa

 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


tempero

 

é preciso socar certas palavras

com sal pimenta & alho

para dar o gosto

o ardido

que se traz na boca

é tempero mal cuidado

 

é preciso cortar o mofo

das ações de certas palavras

para quando for poema

ter ação presente

penetrar a carne

e ter sabor de gente

 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


mulher

 

meu poema

se completa

em seu vestido

roçando sua carne

no algodão

                   tecido 

 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições 1985

imagem: Jiddu Saldanha – apareceu a margarida

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


Querubim da Goiabeira

 

amo papa goiaba

meu cio sempre desaba

no encanto dessa fruta

mas não trepo

deste a última sexta feira

santa

me entupi de fanta

na sacristia do devasso

e dormi  no samba de páscoa

no terreirão do olivácio

perdi minha carteira de freira

na identidade agora é bruta

 

Rúbia Querubim

leia mais no blog

https://porradalirica.blogspot.com/



carnavalizando

 

tropicaetanamente

meus versos uilconianos

em carnaval pela cidade

vão ficar durante o ano

desbundando a troup-sex

 

e a mulatinha andradiana

com bundinha a caetano

despe a gil bertinidade

no patamar do meu triplex

 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições - 1985

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/

pedra pássaro poema - Artur Kabrunco

pedra pássaro poema

 

era uma vez um mangue

e por onde andará macunaíma

na sua carne no seu sangue

 na medula no seu osso

será que ainda existe

 algum vestígio de Macunaíma

 na veia do seu pescoço?

 

na teoria dos mistérios

dos impérios dos passados

 nas covas dos cemitérios

desse brasil desossado?

macunaíma não me engana

 bebeu água do paraíba

nos porões dos satanazes

está nos corpos incinerados

 na usina de cambaíba

 em campos dos goytacazes

macunaíma não me engana

está nas carcaças desovadas

na praia de manguinhos

em são  francisco do Itabapoana

 

Artur Kabrunco

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/



cor da pele

 

áfrica sou: raiz & raça

orgia pagã na pele do poema

couro em chagas que me sangra

alma satã na carne de Ipanema

 

o negro na pele

é só pirraça

de branco

na cara do sistema

 

no fundo é amor

que dou de graça

dou mais do que moça

no cinema

 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/

domingo, 28 de abril de 2024

poesia em movimento

                    Ou a gente se Raoni

Ou a gente se Sting

 

                    Luis Turiba

leia mais no blog

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com



empregado do povo

 

se o mundo

não fosse comandado

por babacas

talvez eu fosse poeta

01 sonhador anarquista

01 delirante cantor

propondo revoluções

mas os rumos

q. o mundo toma

não nos permitem

delírios, amores, invenções,

no muito, alguns escorregões

assim sigo de plantão

batendo ponto e carimbo

como 01 barnabé cagão

 

aroldo pereira

do livro parangolares

                                       Editora Patuá - 2023/

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/



sábado, 27 de abril de 2024

Balbúrdia PoÉtica

Balbúrdia PoÉtica

 

numa dessas noites boêmicas

de dois mil e dezenove

em bares ex-tintos da lapa

na cia de sady bianchin fil buc e marcela giannini

ouvimos do indesejado

que dentro das universidades federais

era uma tremenda balbúrdia

mal sabia ele que sua fala

chegou aos ouvidos de quem não cala

imediatamente como uma prova dos nove

pensamos essa Balbúrdia PoÉtica

a favor da ética

e contra todo aquele que nos provoca náuseas

neo-nazistas que nos fazem mal

e agora transformado  em manifesto

de resistência sócio política cultural

contra todo e qualquer tipo

de bandidagem oficial

seja ela municipal estadual ou federal

 

Artur Gomes

Vampiro Goytacá

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".

Oswaldo de Andrade.

 Nunca fomos colonizados, fizemos foi Balbúrdia anti-colonial.

Sady Bianchin

aço & estilhaço - Ronaldo Werneck

 

                      aço & estilhaço


são ásperas as veredas

do amor

pouco a pouco

despedaçadas

 

o corpo a corpo

e essa flor esquerda

subitamente despetalada

 

são ásperas

e o pouco corpo

vencido

 

são ásperas

e o corpo há pouco

apodrecido

são ásperas

e o amor

natimorto motor

enlouquecido

 

são ásperas

eu digo

 

são ásperas

as veredas de aço

motor em pane

tumor tocando

o corpo/estilhaço

 

são ásperas

e o amor

pouco a pouco

despedaçado

 

são ásperas

e o amor

 

essa flor esquerda

subitamente despetalada

 

Ronaldo Werneck


sexta-feira, 26 de abril de 2024

balburdiar

 

 balburdiar eis o verbo

ver pra crer

:

               difícil de falar

ótimo de fazer


amor

balbúrdia gozosa

jorrando poesia

enquanto goza 

 

Artur Gomes

Leia mais n blog

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


fazer balbúrdia

jogo de cartas

sem  baralho

:

dá prazer

mas dá trabalho

 

Artur Gomes

Leia mais n blog

terça-feira, 23 de abril de 2024

jura secreta 72 - Artur Gomes

Jura Secreta 72.

 

clarice dorme

 em minha mãos
a carne trêmula

 depois do beijo
na maçã que hoje comemos
agora sonha tudo aquilo
que Baudelaire lhe prometeu

quando amanhece
os olhos dela quanto dia
que o dia de ontem não comeu

 

Artur Gomes 
do livro Juras Secretas 
Editora Penalux - 2018 

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


múltiplas poéticas



com  os  dentes  cravados  na memória


Aos 20 Freud estava apenas de passagem, difícil era entender a insustentável leveza do ser onde tudo que é sólido se dissolve no ar. A barra era pesada, os sonhos exterminados a ferro e fogo, porões, exílio, trincheiras, barricadas, palavras eram caladas a golpes de espadas. Desse tempo ficaram marcas, cicatrizes fundas. aos 30 vieram filhos, e a compreensão da função biológica do sexo. aos 40 o que era submerso aflorou na superfície, foi brotando do inconsciente o que estava lá adormecido desfolhei nos livros Suor & Cio e Couro Cru & Carne Viva. aos 50 e 60 Freud se tornou companheiro de jornadas para exorcizar  os fantasma nos laboratórios de teatro. hoje  sonho imaginário fantasia são partes da mesma realidade, complementos inseparáveis da mutação do pós-juízo onde amo uma mulher de 26 e ela entra pela minha porta como uma outra nunca fez.


 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

leia mais no blog

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/


Poema da inesquecível mulher

 

Eu, vero, me bati na tua porta:

mal caibo em mim, sem ti

no que importa

Sou trava de uma casa redigida

no vão da tua mão subtraída

 

Romério Rômulo


Com o tempo entendi que não importa onde estamos, a cultura e arte vão estar presentes tanto quanto o ar que respiramos e não temos como fugir dela e o melhor é sentar, pegar uma pipoca e assistir um filme e se deixar tocar por ele; ler um livro e refletir sobre o que se leu; parar um tempo e se deixar apaixonar pela paixão do poeta; se deixar apaixonar pela pintura do artista-plástico ou pela obra do escultor... Não podemos controlar o que sentimos, mas podemos refletir sobre como somos tocados pela arte, seja ela qual for.

 

Isadora Chiminazzo Predebon

https://www.facebook.com/psicologa.isadoracp/


Com Os Dentes Cravados Na Memória

 

Relatório

 

I

 

na sala ficaram cacos de pratos

espalhados pelo chão. pedaços do corpo retidos

entre o corredor, após o interrogatório.

um cheiro forte de pólvora e mijo

misturados a dois ou três dias sem banho

depois de feito sexo.

só o fogo da verdade exalando odor e raiva

quando em verde, conspiravam contra nós.

 

em são cristóvão o gasômetro vomitava

um gás venoso nos pulmões já cancerados

nos quartéis da cavalaria.

 

II

 

me lembro.

o sentimento  era náuseas, nojo, asco,

quando as botas do carrasco

bateram nos meus ombros com os cascos.

 

jamais me esquecerei o nome do bandido

escondido atrás dos tanques

e

se chamavam:

                          Dragões da Independência

e a gente ali na inocência.

comendo estrumes. engolindo em seco

as feridas provocadas por esporas.

aguentando o coice, o cuspe,

e

a própria ira

                        dos animais de fardas

batendo patas sobre nós.

 

III

 

com a carne em postas sobre a mesa,

o couro cru, o coração em desespero,

o sangue fluindo pelos poros, pelos pelos.

 

eu faço aqui

meditações sobre o presente

re cri ando

                   meu futuro.

tendo o corpo em cada porta

e a cara em cada furo.

 

tentando só/erguer

as condições pra ser humano

visto que tornou-se urbano

e re-par-tiu

                     se

em mil pedaços

visto que do sobre-humano

restou cabeça, pés, e braços.

 

Artur Gomes

Couro Cru & Carne Viva – 1987


como não amanhecer feliz.

quando ao acordar damos de olhos com um recado desses

em nossa caixa de mensagens, vindo da minha querida/amada

amiga Angélica Rossi lá de Bento Gonçalves,

 cidade onde escrevi a maioria das Juras Secretas.

 

“É muito mas muito cheia de tudo de bom tua obra
Adorei - Até já mandei uns trechos pra uns amigos
Muito legal mesmo. Nunca deixe que as críticas apaguem a sua essência..

A noite Te mando
A minha jura preferida. Quem é a Clarice?
Fiquei curiosa pra ver como é seu rosto. E como Ela é.

Que legal... me chamou a atenção a tal Clarice. 
Porque não conseguia imaginá-la
Então é por isso...
Um pouco de muitas mulheres”

 

Jura Secreta 72.

 

Clarice dorme em minha mãos
a carne trêmula depois do beijo
na maçã que hoje comemos
agora sonha tudo aquilo
que Baudelaire lhe prometeu

quando amanhece
os olhos dela quanto dia
que o dia de ontem não comeu


 

cidade das pedras

Para Mauri Menegotto

 

uma cidade

onde o caminho de pedras

transborda poesia

entre o vale e os vinhedos

a primavera explode em flores

semente brota nos frutos

na arte de esculpir  pedras

o sentimento absoluto

de quem faz arte com as mãos

e toca a vida em frente

como se esmerilhar  as pedras

fosse tocar as pétalas

dos parreirais de outubro

onde tudo aflora

a poesia pulsa

e transforma em arte

a matéria em estado bruto

 

Artur Gomes 

                      O Poeta Enquanto Coisa

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


Balbúrdia PoÉTICA 6

Balbúrdia PoÉtica 5 Dia 5 – Abril – 2025 – 16h música teatro poesia textos/poesias de: Ademir Assunção, Artur Gomes, Clarice Lispector, Ferr...