1978
A você meu pai
Quando me lembro de meu pai
me vem uma sensação
de vazio derradeiro
não saber onde esteve
e não importando seu paradeiro.
Quando me lembro de meu pai
não bate uma saudade enorme
o que bate, é a porta,tarde da noite
bebida, pânico e pavor
pesadelo de quem não dorme.
Quando me lembro de você meu pai
o amor fica no ar
e escolho,mais uma vez me calar
mesmo sem você mandar
estranha liberdade
de quem não sabe a hora de gritar.
Quando me lembro de meu pai
nome inédito,no comando do país
terrível conscidencia
com a minha raiz
não há semente
e nada pra se cultivar
então,posso já ir
me acostumando
com nada crescendo na alma
e uma grande tristeza no coração.
Quando me lembro de meu pai
não consigo encontrar
a palavra certa
acho mesmo,que nunca
irei encontrá-la
a que me visita,com mais frequência
está sempre arrumada
dentro de uma mala.
Quando me lembro de você meu pai
é como se fosse sempre
a última vez
uma despedida inacabada
de uma chegada incompleta
a única parte boa
é que sendo seu filho
nasceu também o Poeta.
Quando lembro de meu pai
sentado em qualquer vagão
minúscula imagem na minha visão
e o trem, ainda nem partiu da estação.
Jorge Mizael
TEMPORADA vem ai!!!!!
Foto: br.freepik.com
múltiplas poéticas poesia em movimento palavras e mais palavras ao sabor do vento
quarta-feira, 3 de abril de 2024
1978 - Jorge Mizael
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