segunda-feira, 22 de abril de 2024

Múltiplas Poéticas

 

                      Tchello d´Barros  


Carolina


Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu

 

Carolina
Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor
O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar
Agora não sei como explicar
Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu

 

Chico Buarque

 Link para ouvir

https://www.youtube.com/watch?v=3hW3GXw1l7s


chamaram-me de atrevido

o fonema entrou pelos ouvidos

como um raio de Iansã

      Eva nem percebeu

a serpente no espelho

     a mordida na Maçã

 

Pastor de Andrade

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só

a tarde ainda arde primavera tanta

nesse outubro quanto

de manhãs tão cinzas

 

nesse momento em Bento Gonçalves

Mauri Menegotto termina

de lapidar mais uma pedra

tem seus olhos no brilho da escultura

confesso tenho andado meio triste

na geografia da distância

 

esse poema atávico tem

a cor da tua pele

a carne sob os lençóis

onde meus dedos

ainda não nasceram

 

algum deus

anda me pregando peças

num lance de dados mallarmaicos

 

comovido

ainda te procuro em palavras aramaicas

e a pele dos meus olhos anda perdida

em teu vestido

 

Artur Gomes

Do livro O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

Leia mais no blog

https://fulinaimagens.blogspot.com



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