sábado, 2 de março de 2024

Moenda - Brisa - Pátria A(r)mada

Moenda

 

Usina

moi a cana

o  caldo e o bagaço

 

Usina

moi o braço

a carne o osso

 

Usina

moi o sangue

a fruta e o caroço

 

tritura torce

dos pés

até o pescoço

 

e do alto da casa grande

os donos do engenho controlam

o saldo e o lucro

 

Artur Gomes

Dos livros: Suor & Cio – 1985

e Pátria A(r)mada - 2022


Recebi essa leitura atenta sobre o meu Pátria A(r)mada, da minha querida amiga e grande poeta Nic Cardeal. Aguardem divulgação da data de lançamento

Impressões (iniciais) de "Pátria A(r)mada":

Ademir Assunção está corretíssimo - sua poesia, Artur, não é literatura que se conforma em permanecer apenas nas páginas de um livro, pois a sua palavra é feita muito mais de som - de GRITO! - do que de apenas letras grafadas sobre o papel. E esse som entra não somente pelos ouvidos, mas também transpassa através da pele e por toda a cartografia do corpo, como uma tatuagem latejante, marcando fundo todas as suas texturas, até alcançar as veias, os veios, misturando-se ao sangue, à seiva nossa de cada dia, para finalmente alimentar a alma com força, resistência, e também com a revolta/dor necessária à sobrevivência da esperança! Em "Pátria A(r)mada" essa revolta é imensa, diretamente proporcional aos absurdos do capitalismo que nos tem devorado em variados âmbitos e sentidos. Sua inquietude poética é a força necessária para que não sucumbamos nos abismos do conformismo e da resignação, e possamos seguir adiante, ainda que os tempos estejam cada vez mais obscuros... mas há também o amor (ainda bem!), sobreposto à miséria da realidade nua e crua de um país despedaçado e submisso às mais variadas formas de violência daqueles "poderes" desumanos, armados até os dentes... Muito bem escolhido o título do livro, que de "Pátria amada" foi transformado em "Pátria armada", retrocedendo a um fascismo nojento após o golpe explícito de 2016. A sua denúncia é política, social, cultural, humanitária, ética, estética - e poética! Lerei muitas outras vezes, para absorver com mais vagar cada poema! Parabéns! Sua poesia é viva - e é vida! Adorei! Grande abraço!

Nic Cardeal



Brisa

curta cinema possível

com May Pasquetti, Artur Gomes e Jorge Ventura

Direção: Jiddu Saldanha

https://www.youtube.com/watch?v=WJ1zmW-ASKQ&t=72s



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