segunda-feira, 15 de abril de 2024

múltiplas poéticas

 

sagarânica

 a palavra sagarânica

tem os seus mistérios 
o significado fica a seu critério

fulinaimicamente
te digo o som dessa palavra
cola as tripas no umbigo

 Federico Baudelaire

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A tentação sou eu

 

deito para lua

só ela pode como eu quero

penetrar-me com sua luz de fogo

me deleitar com seu leite

eu quero a lua cheia

que me entre o mar das cochas

e me engravide com seu manto

e que não fique algum quebranto

o mal olhado o olho gordo

que me lave com seu líquido

e me leve até São Jorge

montado em seu cavalo branco

 

Gigi Mocidade

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a pedra na carne
a carne na pedra
nem tudo o que me fere
                                fedra

 

Federika Bezerra

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 A Vida é as vacas

Que você coloca no rio

Para atrair as piranhas

Enquanto a  boiada passa

 

Paulo Leminski


a travessia vou fazendo

no inverso

entre os lábios da tua boca

        e as letras do teu verso

 

Rúbia Querubim

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travessia no inverso do meu tempo

             sem lenço sem documento

             janelas abertas ao vento

 

Federico Baudelaire

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AGORA NÃO SE FALA MAIS

 

Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:

Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.

Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:

só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:

não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento

 

Torquato Neto


Agora que Isadora em mim amoras

no pomar da minha casa  meu corpo incêndio

no barril é pólvora a carne em chamas

no esqueleto brasa o fogo acende

os pavios entorpecidos e o instinto volta

                         a fazer parte dos sentidos

 

EuGênio Mallarmè

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AGORA

 

É hora

de amolar a foice

e cortar o pescoço do cão.

— Não deixar que ele rosne

nos quintais

da África.

É hora

de sair do gueto/eito

senzala

e vir para a sala

— nosso lugar é junto ao Sol.

 

ADÃO VENTURA (1946 - 2004)


Entre os dentes

trago uma língua afiada

carnavalha

para tudo que me valha

 

Rúbia Querubim

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Ainda

 

Estou pagando as prestações

dos janeiros de minha mãe.

 

As casas que sonhei

são palavras-úberes

crescendo sobre a pradaria. Rebanhos

 que trafegam com meus artelhos.

 

Aqui, ergueram-se as núpcias

 verbais dançando à chuva. Sou parte

desse rito e desse esquecimento.

 

 Aqui, esteve uma faca

sobre a mesa e a certeza

 atravessando os mortos.

                           Nas relíquias

que o sol deixa aos olhos.

 

Hei de esperar-te, estrela inomeada, acostado ao cortejo

do mundo (e à majestade de tuas fraturas); hei

 de livrar-me do tanto

que me inundas em teu seio

de sangue e mosto.

 

Tu que me ensinas a morrer de mim,

 a exceder meu próprio arrendamento

 

Salgado Maranhão

In Pedra de Encantaria

Editora 7Letras – 2021


Tchello d´Barros


Eco lógica 

algas apodrecendo na areia
teatro su-realista - absurdo
             eclipse da lua cheia
desastre ecológico no mar
uma cidade à deriva
no seu caos parlamentar

 

houve um tempo que não se ouvia nada

nada se falava tudo era mudo nada se cantava

a treva era profunda a noite mais escura

poesia não existia nem me visitava

ela era distante nela nem pensava

houve um tempo mais escuro

muito mais longe – bem mais longe do futuro

 

Artur Fulinaíma

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