sagarânica
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A
tentação sou eu
deito para lua
só ela pode como eu quero
penetrar-me com sua luz de fogo
me deleitar com seu leite
eu quero a lua cheia
que me entre o mar das cochas
e me engravide com seu manto
e que não fique algum quebranto
o mal olhado o olho gordo
que me lave com seu líquido
e me leve até São Jorge
montado em seu cavalo branco
Gigi
Mocidade
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Federika Bezerra
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A Vida é as vacas
Que você coloca no rio
Para atrair as piranhas
Enquanto a boiada passa
Paulo
Leminski
a travessia vou fazendo
no inverso
entre os lábios da tua boca
e as letras do
teu verso
Rúbia
Querubim
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travessia no inverso do meu tempo
sem lenço
sem documento
janelas
abertas ao vento
Federico
Baudelaire
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AGORA
NÃO SE FALA MAIS
Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento
Torquato
Neto
Agora que Isadora em mim amoras
no pomar da minha casa meu
corpo incêndio
no barril é pólvora a carne em chamas
no esqueleto brasa o fogo acende
os pavios entorpecidos e o instinto volta
a fazer parte dos sentidos
EuGênio
Mallarmè
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AGORA
É hora
de amolar a foice
e cortar o pescoço do cão.
— Não deixar que ele rosne
nos quintais
da África.
É hora
de sair do gueto/eito
senzala
e vir para a sala
— nosso lugar é junto ao Sol.
ADÃO VENTURA (1946 - 2004)
Entre os dentes
trago uma língua afiada
carnavalha
para tudo que me valha
Rúbia Querubim
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Ainda
Estou pagando as prestações
dos janeiros de minha mãe.
As casas que sonhei
são palavras-úberes
crescendo sobre a pradaria.
Rebanhos
que trafegam com meus artelhos.
Aqui, ergueram-se as núpcias
verbais dançando à chuva. Sou parte
desse rito e desse
esquecimento.
Aqui, esteve uma faca
sobre a mesa e a certeza
atravessando os mortos.
Nas relíquias
que o sol deixa aos olhos.
Hei de esperar-te, estrela
inomeada, acostado ao cortejo
do mundo (e à majestade de tuas
fraturas); hei
de livrar-me do tanto
que me inundas em teu seio
de sangue e mosto.
Tu que me ensinas a morrer de
mim,
a exceder meu próprio arrendamento
Salgado Maranhão
In Pedra de Encantaria
Editora 7Letras – 2021
Tchello d´Barros
Eco lógica
algas
apodrecendo na areia
teatro su-realista - absurdo
eclipse da lua cheia
desastre ecológico no mar
uma cidade à deriva
no seu caos parlamentar
houve um tempo que não se ouvia nada
nada se falava tudo era mudo nada se cantava
a treva era profunda a noite mais escura
poesia não existia nem me visitava
ela era distante nela nem pensava
houve um tempo mais escuro
muito mais longe – bem mais longe do futuro
Artur
Fulinaíma
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