ENGENHO
minha terra
é
de senzalas tantas
enterra em ti
milhões de outras esperanças
soterra em teus grilhões
a voz que tenta – avança
plantada em ti
como canavial
que a foice corta
mas cravão em ti
me ponho à luta
mesmo sabendo – o vão
- estreito em cada porta
Obs. Este poema está publicado na Antologia CARNE VIVA poesia erótica org. Olga Savary – 1984 -
usina
mói a cana
o caldo e o bagaço
usina
mói o braço
a carne o osso
usina
mói o sangue
a fruta
e o caroço
tritura suga torce
dos pés até o pescoço
e do alto da casa grande
os donos do engenho controlam
o saldo & o lucro
PoÉticas Fulinaímicas
a foto.grafia
é quase a mesma
mas não é arturiana
essa é fulinaímica
na geografia sagarana
eu não sou ator de mímica
nem cantor de amazona
a minha cara é muito cínica
sou um poeta bem sacana
Artur Gomes
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https://arturgomesgumes.blogspot.com/
ESPREITA
Mais mimética
que espera é espreita,
modo estrábico
de atar o simétrico,
corpo sem ossos
na emenda de fraturas,
modo reto de desatar
o oblíquo.
Desprovida é a espreita
em indigência desperta,
imóvel que se alastra
ao ruminar o encoberto,
ossos sem corpo
em tecidos disjuntos,
dinâmica do estático
no calor das sombras.
Cleber Pacheco
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A lua no cinema
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!
Paulo Leminski
A p e t i
t e
para Marceli A. Becker
basta o desgastante falar das maturações
do tempo do verbo que nunca alcança
tez algodoada de um azul inquebrantável
onde a palavra é lúcida e a poesia é mansa
que o fruto ainda verde caia sobre as mãos
em um só sentido, uníssono e irreversível
desfazendo-se em grãos ao puir nos dentes
e confronte a etérea solombra atmosférica
com toda a força desgarrada das urgências
interrompendo o tempo sacro da semente
bendita seja a palavra daquilo que se consome
bendita a rebelião do lado de dentro da fome
Amanda
Vital
Do livro Passagem
Editora Patuá - 2018
ofertório
todo meu senso
político/social
dedico a ela
no livro que sou
enquanto coisa
sensual metáfora
para os olhos de quem lê
para os sentidos d
de quem vê
eu sou matéria argamassa
armadura
permaneço
de pé
encaro o tempo
contra o vento
contra a tirania da mordaça
nada que eu não faça
para ela
minha musa – o amor é cego
e dou de graça
Artur Kabrunco
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