domingo, 21 de abril de 2024

por onde andará macunaíma?

                     era um vez um mangue

e por onde andará Macunaíma

na tua carne no teu sangue

na medula no teu osso

será que ainda existe

algum vestígio de Macunaíma

na veia do teu pescoço?

 

Deus não joga dados

mas a gente lança

sem mesmo saber se alcança

o número que se quer

 

mas como me disse Mallarmè

- a vida não é lance de dedos

a vida é lança de Dardos

 

Deus não arde no fogo

mas eu ardo

 

Artur Gomes

poema publicado nesta edição da Bric a Brac

2022 – 100 Anos Depois o pau brasil sangra

leia mais no blog https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/


Cálice
Chico Buarque/Gilberto Gil

 

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça


Maria Bethânia

do álbum Álibi 

 https://www.youtube.com/watch?v=_pIFQOPr5EM


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