sábado, 13 de abril de 2024

Suor & Cio

 

TERRA

 

antes que alguém morra

escrevo prevendo a morte

arriscando a vida

antes que seja tarde

e que a língua

da minha boca

não cubra mais tua ferida

 

II

entre/aberto

em teus ofícios

é que meu peito de poeta

sangra ao corte das navalhas

minha veia mais aberta

é mais um rio que se espalha

 

III

 

terra, o que me dói

é ter-te devorada

por estranhos olhos

 

e deter impulsos

     por fidelidade

 

URBANUS

 

debruçam no meu peito

sinais de sonhos, marcas

de fracasso

 

trafega entre meus dentes

vinhoto nas gengivas

saliva no bagaço

 

entre os bueiros

do meu ventre

coração em carne viva

sangra do homem

seus pedaços


Artur Gomes

Do livro Suor & Cio

MVPB Edições 1985

Leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Artur Gomes - O Poeta Enquanto Coisa

      Artur Gomes    Poeta Enquanto Coisa     Fé no Evoé : Confissões dionisíacas na poética e política de Artur Gomes            ...