Jura
Secreta 16
para may pasquetti
poema do livro Juras Secretas
Editora Penalux
fosse esta menina Monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus
não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus
e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
Artur Gomes
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Paulo Leminski
fosse muito mais que uma jura secreta
poema em linha reta nos vales do
café
às margens da 040 nas Minas do Espírito Santo
entre uma linha e outra da estrada do encontro muito mais que fotografia a pele na grafia do dia que amanheceu na porta de uma igreja da noite que viemos
fosse muito mais
onde estivemos
e quase não tocamos a lua no espelho
no poema que escrevesse
por quanto muito mais se quisesse
Artur Gomes
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alvoroças
pelos em mim
sobre águas que bebi
morta de sede
Amar você é
coisa de minutos…
Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui
o que eu sei
ou em rima
Paulo Leminski
Amavisse
Como se te
perdesse, assim te quero.
Como se não te
visse (favas douradas
Sob um amarelo)
assim te apreendo brusco
Inamovível, e te
respiro inteiro
Um arco-íris de ar
em águas profundas.
Como se tudo o
mais me permitisses,
A mim me fotografo
nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu
mesma diluída e mínima
No dissoluto de
toda despedida.
Como se te
perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um
círculo de águas
Removente ave,
assim te somo a mim:
De redes e de
anseios inundada.
Hilda Hilst
A guerra
de Troia
Helena me traiu
por um copo de cerveja
no réveillon de 2004
pra bem dizer
pra bem fazeja
naquele sítio de Machado Ernesto
ela sabia que eu não presto
não foi por falta de aviso
ou foi tamanho o seu desejo
que não recusou fugir comigo
mas percebeu tanto perigo
e então brochou
sentiu o medo na medula no pescoço
calou a boca para o beijo
e resolveu seguir a mãe
e apanhar do seu marido
Federico
Baudelaire
Grávida
de serpentes
Baco me lambuza de vinho
até a uva me lança na chuva
e me lambe com suas línguas de Vênus
sem aviso deita no meu corpo um Dioniso
com seu caralho de fogo
me engravida de serpentes
e me faz gozar na boca até os dentes
Federika Bezerra
Navegar é preciso
para Fernando Aguiar
Aqui
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no AR
caranguejos explodem
mangues em pólvora
é surreal a nossa realidade
tubarões famintos devoram cadáveres
em nossa sala de jantar
como levar o barco
em meio a essa tempestade
navegar é preciso
mas está dificilíssimo navegar
Artur Gomes
Pátria A( r)mada
Desconcertos Editora
2ª edição - 2022
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